O Naufrágio da Solidão

    

O calor humano da amizade é uma questão de sobrevivência. A estatísticas dos suicídios e dos margurados prova-o sem apelação.
     Enquanto não encontramos o porto seguro e pacificante de um amigo verdadeiro, nosso barco singa triste, desarvorado, perdido no oceano da vida.

     "Estou só. Onde estão meus amigos?" - é o brado de tanta gente marcada pelo sofrimento do abandono, da marginalização.
     "Estou só. Onde estão meus amigos?" - repete o coro universal de todos os náufragos que se debatem desesperadamente nas águas fundas da solidão.
     "Estou só. Onde estão meus amigos?" - reboa na canção e no sorriso da felicidade aparente de tantas estelas no cinema, de tantos artistas da televisão. Ídolos humanos, endeusados, aplaudidos, invejados, nadando em dinheiro, concedendo entrevistas, correndo o mundo. E, quantas vezes, em meio à legião incontável de seus admiradores, não encontram um único coração, amigo de verdade.

     Nas telas iluminadas, nos palcos do mundo e nas constelações do prestígio humano voeja tanta felicidade mentirosa, de brilho falso, sem raízes de profundidade. Pássaros de lindas penas, mas de asas quebradas.
Raimundo Correa, meio século atrás já dizia na precisão do seu talento:

- Quanta gente que ri, talvez existe,
cuja única ventura consiste
em parecer aos outros venturosa!





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