Há muitos anos nas estrelas.

Esta é Sylvia Orthof. Se você nunca ouviu falar dela, não se sinta culpado. Parece que nosso país tem o dom de esquecer seus gênios e, consequentemente, não propagar seus feitos às novas gerações. 
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70 x 7: quando o sempre parece ser demais para nós.

Fiz uma lista, outro dia, colocando numa folha de papel tudo o que eu acho difícil na vida. Confesso, com toda a sinceridade, que ela ficou bem maior do que eu imaginava. Há tantas coisas na existência de um mortal  que machucam, que pesam, que doem...
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Os poemas que amo: Conta e tempo

Deus pede estrita conta do meu tempo, 
E eu vou, do meu tempo, dar-lhe conta; 
Mas como dar, sem tempo, tanta conta,
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As crônicas que amo: O Tempo e as Jabuticabas

'Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver  daqui para frente do que já vivi até agora. Sinto-me como aquela menina que ganhou uma bacia de jabuticabas. As primeiras, ela chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço.
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Dos poemas que amo: Profundamente

Quando ontem adormeci
Na noite de São João
Havia alegria e rumor
Estrondos de bombas luzes de Bengala
Vozes, cantigas e risos
Ao pé das fogueiras acesas.
No meio da noite despertei
Não ouvi mais vozes nem risos
Apenas balões
Passavam, errantes
Silenciosamente
Apenas de vez em quando
O ruído de um bonde
Cortava o silêncio
Como um túnel.
Onde estavam os que há pouco
Dançavam
Cantavam
E riam
Ao pé das fogueiras acesas?
— Estavam todos dormindo
Estavam todos deitados
Dormindo
Profundamente.
Quando eu tinha seis anos
Não pude ver o fim da festa de São João
Porque adormeci
Hoje não ouço mais as vozes daquele tempo
Minha avó
Meu avô
Onde estão todos eles?
— Estão todos dormindo
Estão todos deitados
Dormindo
Profundamente.
Manuel Bandeira 
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